Prova do concurso de Bacabeira – 2012 (FUNDAÇÃO SOUSÂNDRADE)
LEIA COM ATENÇÃO O SEGUINTE TEXTO PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES
01 A 08
Superpopulação
O mundo já não suporta mais nossa espécie.
Ano passado, atingimos a marca de 7 bilhões de habitantes. Com essa população,
já estamos provocando o aquecimento global, crises humanitárias de fome e
guerras por conta de recursos naturais. As projeções da ONU falam que população
não vai parar de crescer nas próximas décadas: seremos 9,3 bilhões em 2050 e
10,1 bilhões em 2100. Com tanta gente, quanto carbono jogaremos na atmosfera?
Haverá comida para todos? Quantos países lutarão pelas últimas fontes de água
limpa da Terra?
Quando perguntados sobre a quantidade de
Homo sapiens que o planeta aguenta, os
demógrafos não têm dúvidas na hora de responder: depende. A questão é se
manteremos nosso ritmo de consumo e destruição dos meios naturais. “Em um
padrão de consumo baixo, a Terra pode sustentar muitos mais que os 7 bilhões
atuais”, diz Roberto Luiz do Carmo, pesquisador do Núcleo de Estudos de
População da Unicamp. “No nível de consumo atual, já ultrapassamos o limite”,
firma. O planeta só não teria entrado em colapso por causa da desigualdade
social, que ainda impede grande parcela da população de consumir como os mais
ricos. Ou seja, para salvar o mundo não precisamos diminuir o número de filhos,
mas sim o de carros e hambúrgueres. Ficou fácil ou mais difícil?
(Extraído da Revista Galileu. 02/2012, p. 27)
01. Qual das afirmações a seguir não sintetiza as idéias
contidas no texto?
a) Os recursos naturais têm sido causadores do
aquecimento global, da fome e de guerras no mundo.
b) O planeta aguentará a superpopulação, se o homem consumir
e destruir menos os meios naturais.
c) No texto, carros e hambúrgueres estão para os mais
ricos assim como filhos estão para os menos ricos.
d) A desigualdade social tem impedido o planeta Terra de
entrar em colapso.
e) As fontes de água potável possibilitarão crises entre
países, por causa da superpopulação do mundo.
02. Seja a seguinte frase: “O mundo já não suporta mais
nossa espécie”. O verbo está empregado como
a) de ligação.
b) transitivo indireto.
c) transitivo direto.
d) Intransitivo.
e) transitivo direto e indireto (bisantritivo)
03. O segundo parágrafo do texto é iniciado por um
elemento coesivo que estabelece relação de
a) conseqüência
b) causalidade
c) finalidade
d) temporalidade
e) proporcionalidade
04. No texto, a função da linguagem que predomina é:
a) Conativa
b) Referencial
c) Emotiva
d) Fática
e) Metalinguística
05. Assinale a opção em que o verbo foi empregado no
presente com idéia de futuro.
a) “A questão é se manteremos nosso ritmo de consumo e
destruição dos meios naturais.”
b) “O mundo já não suporta mais nossa espécie.”
c) “Em um padrão de consumo baixo, a Terra pode sustentar
muito mais que os 7 bilhões atuais” [...]
d) “No nível de consumo atual, já ultrapassamos o limite”
[...]
e) “As projeções da ONU falam que a população não vai
parar de crescer nas próximas décadas”.
06. assinale a opção em que se classificou
inadequadamente um vocábulo do texto.
a) Questão (2º §) – substantivo, com função de sujeito.
b) Humanitárias (1º§) – adjetivo, com função de adjunto
adnominal.
c) Todos (1º§) – pronome relativo, com função de objeto direto.
d) Atmosfera (1º§) – substantivo, com função de adjunto
adverbial.
e) Baixo (2º§) – adjetivo, com função de adjunto
adnominal.
07. Considere o seguinte período:
“Com essa população, já estamos provocando o aquecimento
global, crises humanitárias de fome e guerras por conta de recursos naturais.”
Sobre o referido período, é correto afirmar:
a) É um período composto por coordenação contendo três
orações.
b) É um período composto por coordenação contendo duas
orações.
c) É um período composto por subordinação contendo duas
orações.
d) É um período composto por coordenação e por
subordinação contendo quatro orações.
e) É um período simples, pois é constituído de apenas uma
oração.
08. No período “Quantos países lutarão pelas últimas
fontes de água limpa da Terra?”, a relação entre o verbo e seu complemento foi
estabelecida por uma preposição. Em qual opção esse tipo de relação se
estabelece de acordo com a norma padrão culta?
a) O melhor homem da atualidade anseia por um mundo
melhor.
b) O planeta agradece pelo cuidado a ele dispensado.
c) O homem esquece de cuidar melhor do planeta.
d) As pesquisas dos demógrafos visavam uma melhor
conservação do planeta.
e) O planeta Terra sobrevive da agressão do homem.
09. Assinale a opção que apresenta período com
concordância de acordo com a norma culta.
a) Qual de vós sabem o que fazer para minimizar os
problemas de falta de conservação do planeta?
b) Mais de um cientista contribuíram para resolver o
problema da superpopulação.
c) Cada um dos pesquisadores contribuíram para evitar a
fome no mundo.
d) Cerca de cem pesquisadores nordestinos realizam
experiências para salvar o planeta.
e) Devem haver cientistas premiados no evento.
10. O acento indicativo da crase foi empregado
adequadamente em :
a) O apoio à pesquisas sobre a fome no mundo tem dado
resultados positivos.
b) Os cientistas se referiram às pesquisas realizadas
sobre o controle da superpopulação no mundo.
c) Os demógrafos estão dispostos à ajudar à resolver o
problema da desigualdade social.
d) Os cientista são contrários à consumo e à destruição
dos meios naturais.
e) O homem parece estar indiferente à intempéries
causadas pela fome no mundo.
GABARITO 1) a 2) c 3) d 4)b 5) e 6) c 7) e 8) a 9) d 10) b
> CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Texto para as questões 26 e 27.
Poema do Jornal
O fato não acabou de acontecer
E já a mão nervosa do repórter
A transforma em notícia.
O marido está matando a mulher.
A mulher ensangüentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting.
A pena escreve.
Vem da sala de linotipos a doce
Música
Mecânica.
Drummond, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova
Aguiar, 1979.
26. Com base na leitura do texto acima, pode-se afirmar
que o poeta, na sua composição,
a) explora apenas a linguagem jornalística, sem dar
espaço à inventividade ou originalidade de um artista.
b)trabalha essencialmente com a linguagem denotativa a
serviço da função referencial.
c) marca com forte subjetivismo sua visão de mundo.
d) joga com a ambiguidade entre gênero, assunto e espaço,
sem comprometer sua poeticidade.
e) mantém seu trabalho poético num domínio oposto ao
social, sem compromisso com o fato ou ideologia.
27. Considerando o poema drummondiano, julgue as alternativas abaixo que tratam do
comportamento texto/leitor
I O leitor deve ler um texto poético como se o texto
fosse um documentário.
II. O texto exige do leitor várias competências, dentre elas a que
está ligada aos conhecimentos linguísticos.
III. O leitor, para obter sucesso na sua leitura, deve
criar suas próprias trilhas, abandonando as marcas ou sinais oferecidos pelo
texto.
a) Apenas a afirmativa III está correta.
b) Apenas a afirmativa I está correta.
c) Apenas a afirmativa II está correta.
d) Estão corretas apenas as afirmativas II e III.
e) Estão corretas todas as afirmativas.
Leia o diálogo abaixo, transcrito da Seção Panorama. Veja
Essa, da Revista Veja, de 18 de jan. de 2012, para responder às questões 28 e
29.
“Gosto de ver coisa ruim na TV.”
( Pedro Bial, apresentador do BBB, no programa Altas
Horas)
“Então você assiste o BBB.”
(José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, cujo filho,
Boninho, dirige o BBB)
“Eu não assisto porque não gosto de me ver. Mas, para
domar o formato, tive de me despir da condição de jornalista e ser um Zé Mané
junto com os outros.”
(Pedro Bial, dando nome aos que participam e assistem ao programa)
28. Analisando-se, no contexto, a expressão “Zé Mané”,
pode-se dizer que o apresentador
a) faz uso aleatório do termo, sem implicações semânticas
na sua fala.
b) constrói um neologismo para compor um gracejo,
c) exemplifica uma criação erudita, própria dos falantes
de escolaridade avançada.
d) utiliza um jogo fonético desprovido de indícios e
significações no contexto.
e) incorpora, na sua fala, um registro fixado pelo uso
popular.
29. Considerando o contexto, quanto `norma padrão, há
falha no emprego da regência do verbo
a) gostar
b) assistir
c) domar
d)despir
e) ver
a seguir é transcrita a crônica “Nostalgia das galinhas”,
de Carlos Heitor Cony. Leia-a atentamente para responder às questões de 30 a
39.
Nas longas noite, noites dos anos mais antigos do passado,
quando o sono era leve e o silêncio profundo, ouvia-se o apito solitário do
guarda-noturno que atravessava as ruas e os
caminhos marcando a presença da lei e da ordem. Era bom ouvir aquele
apito: eu me sentia guardado e protegido dos malefícios do mundo e das
incertezas da noite.
Como segurança suplementar, minha mãe tinha na mesinha de
cabeceira, ao alcance da mão, um apito igual – que nunca foi usado. As pessoas
em perigo, os lares ameaçados tinhas aquele recurso para convocar o homem da
lei que velava por nós e por nosso sono.
Bem verdade que os malfeitores daquele tempo eram simples
ladrões de galinha – pois todas as casas tinham galinhas, fartas galinhas que
botavam ovos e abasteciam os ajantarados dominicais com a canja e o assado.
Hoje não mais existem guardas- noturnos e ninguém cria
galinhas: elas nos chegam dos supermercados, congeladas, plastificadas, com um
termômetro cravado no peito para apitar quando estiver no ponto.
Se tivéssemos em nossos apartamentos, talvez merecêssemos
de volta o ladrão de antigamente. Sem alinhas para roubar, de que viveria um
ladrão de galinhas? Conhecemos a alternativa. Eles invadem nossas casas e vão
logo perguntando pelos dólares, pelos videocassetes, pela parafernália
eletrônica e importada.
Não mais existe pelas ruas e caminhos das cidades aquele
pastor solitário e noturno trinando seu apito – anúncio da lei, reclame do
Estado. Tampouco adianta termos apito nas mesinhas de cabeceira: quem no
ouviria?
A culpa, como se depreende, é das galinhas. Ou melhor, da
ausência das galinhas. Arquitetos e decoradores deveriam reservar, na planta de
seus projetos, dois ou três metros quadrados para o cultivo de galinhas. Criando-se
a oferta, viria a procura. E voltaríamos àquilo que os americanos chamam de “velhos
bons tempos”.
CONY, C. H. Crônicas para ler na escola. Rio de
Janeiro:Objetivo, 2009.
30. Para que o leitor mergulhe na memória do cronista, o
autor utiliza a voa de um narrador
a) em primeira pessoa, que participa da narrativa,
garantindo, assim, a fundamentação do que relata.
b) em terceira pessoa, distante do tempo em que ocorrem
os fatos, deixando o leitor à vontade para construir significados
c) em primeira pessoa, não toma parte nos eventos
narrados, mas sabe de tudo o que aconteceu.
d) em terceira pessoa, não toma parte nos eventos
narrados, mas sabe de tudo o que aconteceu.
e) neutro, totalmente ausente do texto, deixando os fatos
narrarem-se por si mesmos sem interferir na direção dos eventos.
31. Considerando o contexto, o sentido que pode ser
gerado pelo questionamento do narrador, em “quem nos ouviria?” está na
alternativa:
a) Insegurança – prontidão
b) Presteza – conformismo
c) Abandono – inoperância
d) Compartilhamento – ausência
e) Descrença – confiança
32. Do poento de vista sintático, julgue as funções dos
termos destacados, considerando a indicação dos parênteses.
I. “...convocar o homem da lei que velava por nós
e por nosso sono.” (= sujeito)
II. “Hoje, não mais existem guardas-noturnos...”
(=objeto direto)
III. “...aquele pastor solitário e noturno trinando seu apito
– anúncio da lei, reclame do Estado. (= vocativo)
Está(ão) correta(S)
a) II apenas
b) I, apenas
c) I e III, apenas
d) II e III, apenas
e) I, II e III.
33. De acordo com Bechara, na Moderna gramática
portuguesa, os sinais de pontuação procuram garantir no texto escrito a
solidariedade sintático-semântica, constituindo-se a pontuação numa pista para a
apreensão do sentido pretendido pelo autor.
Considerando essa informação, observe a pontuação
utilizada em “Era bom ouvir aquele apito: eu me sentia guardado e protegido dos
malefícios do mundo e das incertezas da noite.” Pode-se dizer que os dois
pontos nesse trecho
a) marcam uma pausa para introduzir um esclarecimento,
advindo de uma evocação importante.
b) antecipam uma citação de um discurso alheio.
c) decorrem da necessidade de acrescentar uma exortação
ao leitor.
d) introduzem uma circunstância incidental ou secundária.
e) assinalem uma interrupção brusca na frase sem
continuação coesiva.
34. Reveja a passagem: “quando o sono era leve e o
silêncio profundo”. A palavra destacada tem a mesma significação gramática,
considerando seu desempenho no contexto, da palavra destacada em
a) “Leve suas mãos tocam-me.”
b) “Batem leve, levemente.”
c) “Deu-me uma ordem: leve seu trabalho e refaça-o.”
d) “O vento soprava leve na manja de setembro.”
e) “Com seu passo leve, a bailarina encantou a todos no teatro.”
35. A única frase em que a informação está correta, considerando
o sentido contextual e a norma da língua padrão é:
a) no quarto parágrafo, o plural “guardas-noturnos”
obedece à regra de flexão do plural da palavra guarda-roupa.
b) no segundo parágrafo, o emprego do pronome “aquele”
indica referência de proximidade temporal e espacial, conforme recomendação
gramatical.
c) no terceiro parágrafo, no processo de coesão, o
pronome “que em “tinham galinhas, fartas galinhas que botavam” retoma o termo “ovos”.
d) no primeiro parágrafo, a palavra “apito” assume o
valor semântico de silvo nas duas construções em que se inclui.
e) no terceiro parágrafo, os verbos “ser”, “ter”,”botar”
e “abastecer” apresentam-se no pretérito perfeito do indicativo, próprio para
fixar ações não concluídas.
36. Observe as palavras destacadas e a indicação
apresentada entre parênteses.
l. “Aquele pastor solitário e noturno trinando
(=gorjeando) seu apito.”
ll. “...anúncio da lei, reclame (= propaganda) do Estado.”
lll. “... que velava (= dissimulava) por nós e por nosso
sono.”
Considerando-se o texto e contexto, a equivalência
sinonímia está correta apenas em
a) lll
b) l e ll
c) ll
d) l e lll
e) l
QUESTÕES DE LÍNGUA PORTUGUESA DO VESTIBULAR 2012 DA UEMA
Leia o texto a seguir.
-Sim, é talvez tudo uma ilusão... E a cidade a maior ilusão!
Tão facilmente vitorioso redobrei de facúndia. Certamente, meu Príncipe, uma ilusão! E a mais amarga, porque o homem pensa ter na cidade a base de toda a sua grandeza e só nela tem a fonte de toda a sua miséria. Vê, Jacinto! Na cidade perdeu ele a força e beleza harmoniosa do corpo, e se tornou esse ser ressequido e escanifrado ou obeso e afogado em unto, de ossos moles como trapos, de nervos trêmulos como arames, com cangalhas, com chinós, com dentaduras de chumbo, sem sangue, sem febre, sem viço, torto, corcunda – esse ser em que Deus, espantado, mal pôde reconhecer o seu esbelto e rijo e nobre Adão! Na Cidade findou a sua liberdade moral; cada manhã ela lhe impõe uma necessidade, e cada necessidade o arremessa para uma dependência; pobre e subalterno, a sua vida é um constante solicitar, adular, vergar, rastejar, aturar; e rico e superior como um Jacinto, a sociedade logo o enreda em tradições, preceitos, etiquetas, cerimônias, praxes, ritos, serviços mais disciplinares que os dum cárcere ou dum quartel... A sua tranqüilidade (bem tão alto que Deus com ele recompensa os Santos) onde está, meu Jacinto? Sumida para sempre, nessa batalha desesperada pelo pão, ou pela fama, ou pelo poder, ou pelo gozo, ou pela fugida rodela de ouro! Alegria como a haverá na cidade para esses milhões de seres que tumultuam na arquejante ocupação de desejar– e que, nunca fartando o desejo, incessantemente padecem de desilusão, desesperança ou derrota?
Queirós, E. A cidade e as serras. São Paulo: Martin Claret, 2011.
49. Considerando o contexto da obra e levando em conta as características do autor, esse excerto contém
a) uma crítica firmada na essência do Positivismo, revelada pelo narrador-personagem com sutil ironia.
b) uma crítica contundente ao Positivismo, de Augusto Comte, filosofia do contexto histórico da época.
c) uma visão intimista de cada personagem, sem abordagem social.
d) a essência de uma das marcas do Realismo, o engajamento literatura/Igreja, para recapturar o homem criado por Deus.
e) uma concepção irônica ao Homem do campo, caracterizado pelo narrador por um distanciamento crítico.
Texto para as questões 50 e 51.
Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dia. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
50. Do fragmento recortado da obra, pode-se depreender um narrador que se apresenta como m sujeito
a) entediado com sua própria vida e desejoso de viver novas experiências.
b) angustiado e limitado diante da vida e do ato de escrever.
c) deslocado na vida e no mundo, que tem no ato de escrever o seu alento existencial.
d) cansado de viver e, por isso, desejoso de por fim a sua existência.
e) desesperado diante da sua própria impossibilidade de ser escritor.
51.Na passagem “eu mi morreria simbolicamente todos os dias”, o pronome me exemplifica
a)um uso linguístico inadequado ao contexto do gênero discursivo de que faz parte o fragmento.
b) o emprego pontual da próclise completando a regência verbal do verbo, de acordo com a norma padrão da língua.
c) um monólogo sem perder de vista a denotação da linguagem para evitar desvios ou a subjetividade do leitor.
d) o emprego convencional da linguagem literária que exige construções sintáticas rigorosas na produção textual.
e) a importância da subjetividade no emprego da palavra na linguagem literária para (re)criar interpretações expressivas.
52. A metalinguagem ganha relevo no processo narrativo de A hora da estrela. O narrador Rodrigo S. M., dada a insistente angústia de que o ato de escrever sobre a obtusa Macabéa lhe provoca, coloca-se também como uma personagem que experiência a autocrítica ao mesmo tempo em que se sente fatalmente ligado à personagem que criara. Isso se evidencia na seguinte passagem:
a) “Desculpai-me mas, vou continuar a falar de mim que sou meu desconhecido, e ao escrever me surpreendo um pouco pois descobri que tenho um destino”.
b) “Pareço conhecer nos menores detalhes essa nordestina, pois se vivo com ela. E com muito adivinhei a seu respeito, ela se me grudou na pele qual melado pegajoso ou lama negra”.
c) “Com esta história eu vou me sensibilizar, e bem sei que cada dia é um dia roubado da morte. Eu não sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida.”
d) “(Esta história são apenas fatos não trabalhados de matéria-prima e que me atingem direto antes de eu pensar. Sei muita coisa que não posso dizer. Aliás pensar o quê?)”.
e) “(Escrevo sobre o mínim parco enfeitando-o com púrpura, jóias e esplendor. É assim que se escreve? Não, não é acumulando e sim desnudando. Mas tenho meda nudez, pois ela é a palavra final.)”
Texto para as questões de 53 a 55
[...] A densidade demográfica, a violência urbana, o rádio e mais tarde a TV ilharam cada indivíduo no casulo doméstico. Moro há anos num prédio da Lagoa, tirante os raros e inevitáveis cumprimentos de praxe no elevador ou na garagem, não falo com eles nem eles comigo. Não sou exceção. Nesse lamentável departamento, sou regra.
Daí que entendo a pressão que volta e meia me fazem para navegar na internet. Um dos argumentos que me dão é que posso falar com pessoas na Indonésia, saber como vão as colheitas de arroz na China e como estão os melões na Espanha.
Para vencer a incomunicabilidade, acredito que o internauta deva primeiro aprender a si comunicar com o vizinho de porta, de prédio, de rua. Passamos uns pelos outros com o desdém de nosso silêncio, de nossa cara amarrada. Os suicidas se realizam porque, na hora do desespero, falta o vizinho que lhe deseje sinceramente uma boa-noite.
CONY, H. Crônicas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
53. A leitura do primeiro parágrafo permite ao leitor inferir que, em relação à comunicabilidade das pessoas, o cronista
a) confessa-se satisfeito no plano da interação.
b) considera-se loquaz na área onde habita.
c) isenta-se da crítica tecida aos vizinhos.
d) inclui-se com autenticidade no grupo dos esquivos.
e) restringe-se à convivência diária no prédio onde mora.
54. Considerando o contexto em que são expressas as ideias na frase “Daí que não entendo a pressão que volta e meia me fazem para navegar na internet”, examine as afirmativas a seguir.
I – Pode-se deduzir que o cronista privilegia a ideia dos que o estimulam a ser um internauta.
II – O termo Daí como marcador discursivo sequenciador possibilita ao leitor compreender no contexto a atitude expressiva do cronista nessa frase.
III – Pode-se afirmar que o cronista procura dar a sua linguagem escrita uma feição equivalente à da fala.
É correto afirmar o que se propõe em
a) II e III, apenas.
b) II, apenas,
c) I, II e III.
d) III, apenas.
e) I e III, apenas.
55. A linguagem expressa contrastes e semelhanças. A metáfora é uma das formas de estabelecer semelhanças pro comparações. Qual dos trechos extraídos do texto, indicados abaixo, apresenta uma metáfora?
a) “não sou exceção”.
b) “cumprimentos de praxe no elevador”.
c) “falar com pessoas na Indonésia”.
d) ”falta o vizinho que lhe deseje sinceramente uma boa-noite”.
e) “cada indivíduo no casulo doméstico”.
Texto para a questão 56
56. Nas situações comunicativas acima, o segundo personagem ao ser interpelado interrogativamente, responde utilizando-se, repetidamente, do vocábulo imóveis, o que cria na tirinha o efeito de humor, Do ponto de vista da análise linguística, o uso desse vocábulo evidencia que ele
a) modificou-se apenas sintaticamente.
b) assumiu função substantiva nas duas situações comunicativas.
c) sofreu alteração semântico-sintática.
d) foi usado conotativamente nas duas situações comunicativas.
e) gerou um efeito de prolixidade na tirinha.